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A LOMBALGIA DO CORREDOR
A corrida é uma atividade que depende da ação da musculatura do tronco para mantê-lo dentro de uma postura adequada durante um longo período de tempo. A dor lombar (lombalgia) é um sintoma comum na população em geral, em que cerca de 60% a 90% apresentam ao menos um episódio no decorrer da vida, mas também é queixa corriqueira em corredores.
A coluna lombar se comporta mecanicamente como ponte de transmissão de forças entre os membros inferiores e o tronco, realizando movimentos básicos de flexão, extensão e rotação, embora os combinados sejam os mais representativos. Manter a postura ereta na corrida exige atividade constante dos grupos musculares lombares e dorsais, o que não ocorre, necessariamente, com os músculos abdominais, frequentemente enfraquecidos nos corredores. As causas mais comuns das lombalgias são mecânicas, embora muitas causas secundárias também sejam descritas: distúrbios dos discos intervertebrais (hérnias, protrusões), músculo-ligamentares (lesões musculares, síndrome miofascial), ósseas (espondilolise, espondilolistese, síndrome facetaria, disfunções sacro-ilíacas), traumas (fraturas agudas, por estresse), reumáticas e secundárias a doenças (infecções, tumores).
Podemos considerar alguns fatores predisponentes às lombalgias mecânicas:
- O desequilíbrio das forças entre os grupos musculares flexores e extensores do tronco.
- Cargas repetidas e/ou excessivas na coluna lombar.
- Vícios de postura durante a corrida e predomínio do padrão de extensão do tronco.
- Flexibilidade diminuída nos grupos musculares do tronco e membros inferiores.
- Intervalos de descanso entre treinos insuficiente, fadiga muscular.
- Aumento não programado ou desproporcional do volume e intensidade de treinamento.
- Treinamentos em pisos rígidos, tênis inadequados.
O conhecimento da história natural da dor lombar, as características individuais do corredor e um exame físico adequado são informações preciosas para o diagnóstico e tratamento das lombalgias.
Os métodos de imagem podem ser úteis na identificação e complementação diagnóstica. Abrangem as radiografias simples, a tomografia computadorizada, a cintilografia óssea e a ressonância magnética. É importante salientar que os exames de imagem devem ser sempre correlacionados com os sinais e sintomas dos pacientes, já que muitas alterações encontradas podem ser achados comuns e sem importância clínica. As lombalgias são, na maioria das vezes, tratadas clinicamente e os objetivos da reabilitação abrangem a recuperação do movimento completo e o restabelecimento da função normal da coluna lombar sem a dor, promovendo o retorno às atividades esportivas.
O tratamento inclui basicamente:
- Controle da dor e inflamação após avaliação médica.
- Repouso relativo e modificação das atividades para a diminuição da dor.
- Fisioterapia (exercícios de alongamento dos membros inferiores e tronco, fortalecimento e condicionamento muscular do tronco e músculos abdominais).
- Correções biomecânicas (troca de tênis, modificação de treinamento, correção de postura - RPG).
- Condicionamento aeróbico progressivo.
Previna a lombalgia e corra sem dores.
Revista Corredores S/A, Dr. Cristiano Laurino, 19 de abril de 2010 .